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Mata de Araucária: produzir para conservar

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Posted by GIBATHE on 24-11-2016 - Last updated on 24-11-2016

A proposta é simples e aplicável, tendo como foco a Floresta Ombrófila Mista, uma das fitofisionomias da Mata Atlântica,famosa pela espécie Araucaria angustifolia, com maior ocorrência no Sul do Brasil e uma das mais ameaçadas. Como forma de manter os remanescentes em pé e de recuperar áreas degradadas, propõem-se o uso sustentável com a extração de recursos florestais não madeiráveis cultivados em meio à floresta, obtendo produtos com valor comercial, com atenção centrada na produção de mel (apicultura e meliponicultura), erva-mate e pinhão.

       A proposta baseia-se em uma forma racional de uso de remanescentes da Floresta Ombrófila Mista, com conservação direta de dezenas de espécies da flora nativa e conservação indireta de centenas de outras, incluindo a fauna nativa.

      A Araucária (Araucaria angustifolia) é uma das espécies que corre risco de ser extinta, devido sua extração desordenada e desmatamentos para dar lugar à cultivos agrícolas, pecuária, cidades e outros usos que contrapõem a manutenção da floresta em pé. No mesmo ecossistemas, convivem diversas espécies de animais, dentre as quais podem ser citadas a Cotia (Dasyprocta aguti), a Gralha Azul (Cyanocorax caeruleus), a Gralha Picaça (Cyanocorax chrysops), dentre outras e; dezenas de espécies de árvores como a Canjerana (Cabralea canjerana), a Imbuia (Ocotea porosa), a Canela Sassafrás (Ocotea odorifera), a Grápia (Apuleia leiocarpa), a Erva Mate (Ilex paraguariensis), dentre outras. Outros seres, pouco percebido, mas que desempenham importante papel na conservção da biodiversidade, como as abelhas nativas e os morcegos também são comuns em remanescentes conservados.

         A proposta de uso sustentável da floresta, baseia-se em três produtos centrais: mel, erva-mate e pinhão, sendo que no decorrer do tempo pode-se inserir outros produtos com relevante importância econômica e ambiental, como plantas medicinais, aromáticas e condimentares, desde que não sejam invasoras.

        A Erva Mate, cuja árvore leva o memso nome (Ilex paraguariensis) é nativa do Sul do Brasil, amplamente conhecida por seu uso na forma de chimarrão, tendo relevante importância cultural, principalmente na região Sul. Além do chimarrão, a espécie é matéria-prima para a produção de cosméticos (cremes, xampus, dentre outros); bebidas (chás e refrigerantes); corantes e outros subprodutos que agregam valor comercial às suas folhas. Se manejada de forma correta, a erva-mate apresenta grandes vantagens ecológicas, servindo de pasto apícola na época de florada, abrigo para a fauna (é comum em erveiras antigas a ocorrência de enxames de abelhas nos ocos) e alimento para a fauna, principalmente a avifauna na época de frutificação. A erva-mate sombreada apresenta qualidade superior à erva-mate cultivada em monocultivos abertos (com maior insolação), justificando assim, a possibilidade de ser cultivada em meio à floresta. A extração pode ser feita de forma parcial, extraindo 50% das folhas a cada ano e os galhos cortados podem servir como biomassa a ser agregada no solo das áreas trabalhadas.

       A apicultura (criação de abelhas com ferrão/gênero Apis) e a meliponicultura (criação de abelhas nativas), pode ser conciliadas com o cultivo de erva-mate e com as árvores nativas da floresta. É notória a importância das abelhas para a conservação da biodiversidade, considerando a polinização que permite a reprodução de uma ampla gama de espécies vegetais nativas, que por sua vez desempenham uma subsequente importância para a biodiversidade como um todo. Estudos apontam para a diminuição das abelhas no mundo, inclusive o Brasil perdeu muito de suas abelhas nativas e as consequências são desastrosas do ponto de vista ecológico. Devido ao alto valor agregado ao mel e à própolis, é possível obter retorno econômico ao mesmo tempo que se conserva tão importantes espécies. 

       Como terceiro produto a ser extraído do sistema, tem-se a semente da Araucária, o pinhão; que pode ser consumido in natura e ainda pode ser usado em diversos pratos da culinária, apresentando grande valor nutricional. O pinhão é extraído em muitos casos de forma ilegal e comercializado em beiras de estradas e outras formas de comércio clandestino, ameaçando a reprodução da espécie. Propõem-se a extração de forma sustentável, coletando apenas o excedente de pinhão maduro que cai no chão, buscando comercializar um percentual de forma legal e outra parte utilizar para a produção de mudas florestais, plantando novas araucárias na área manejada e no entorno, assegurando assim a conservação da espécie.

       A produção associada à conservação é uma das formas inteligentes de garantir renda ao proprietário, tornando-o "parceiro da biodiversidade", garantindo a sobrevivência das espécies que dependem do ecossistema para viver. Propõem-se esta forma racional de uso não como uma forma única de produção, mas como um complemento de renda, sendo focada principalmente na agricultura familiar, em pequenas propriedades.

      Portanto, a proposta busca quebrar velhos paradigmas que afastam produção e conservação, buscando o equilíbrio a ser alcançado durante o manejo dos remanescentes florestais.

 

 

 

 

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