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Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

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Sementes do Cerrado em Rede

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Posted by Rede de Sementes do Cerrado on 18-11-2016 - Last updated on 18-11-2016

O Cerrado brasileiro é a savana mais biodiversa do mundo. Por seu alto endemismo e elevado risco ambiental foi elevado a categoria de Hotspot. É o bioma brasileiro que apresenta maior taxa de desmatamento o que afeta diretamente a conservação das espécies. Nesse contexto, trabalhos voltados para a restauração desse ambientes são fundamentais, e para isso, precisamos considerar todas as espécies vegetais que estruturam o Cerrado como as gramíneas, os arbustos e as árvores. A propagação dessas espécies ja se mostrou efetiva por meio da semeadura direta e para atender a demanda de restauração faz-se necessária uma grande quantidade de sementes nativas. A estruturação e/ou fortalecimento de redes de coletores de sementes nativas para a restauração representa ainda uma forma de geração de renda, por meio do uso sustentável de recursos naturais e a valorização de áreas com vegetação nativa como fonte de renda para populações rurais e periurbanas do Cerrado. Adicionalmente, o uso de plantas nativas do Cerrado, inclusive frutíferas, em áreas urbanas para o paisagismo em áreas privadas e/ou em parques e jardins públicos pode ajudar (i) a estruturar e manter a demanda de mercado por sementes e mudas de espécies nativas; (ii) sensibilizar a população urbana – que muitas vezes não se identifica com a vegetação do Cerrado – para a importância da conservação de áreas de vegetação nativa e investimentos em restauração quando necessário. O uso de plantas nativas para o paisagismo e especialmente parques e jardins públicos segue uma tendência mundial de implementação de jardins naturalistas, que reduzem os custos e necessidade de manutenção destas áreas, especialmente pelo uso de plantas perenes e escolha de espécies que levam em conta processos de sucessão ecológica. Tais jardins tem necessidade de irrigação reduzida, conservando água. O uso de espécies nativas para implementação de pomares frutíferos e ainda atração de polinizadores (Jardins de polinizadores) pode ser de interesse em áreas urbanas e rurais, pois o aumento da presença de polinizadores pode aumentar a produtividade de culturas agrícolas, especialmente espécies frutíferas. Ao longo de atuação da Rede de Sementes do Cerrado, notamos que existe uma dificuldade de comunicação entre os coletores de sementes que possuem sementes para venda e os demandantes de sementes. Nossa proposta é criar um aplicativo de comercialização de sementes, sob a gestão e supervisão da ONG Rede de Sementes do Cerrado, que permita a interação entre os ofertantes e demandantes de sementes nativas do cerrado. Com essa ferramenta esperamos criar oportunidades de comercialização de produtos da sociobiodiversidade, como as sementes, contribuindo com os esforços de restauração para o Bioma.

A meta de restauração brasileira, assumida pelo governo brasileiro na COP 21 (Conference of Parties, Paris, 2015), é de restaurar 12 milhões de hectares até 2020. O Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg) apresenta ações e articulações que visam facilitar o cumprimento desta meta e do desafio ainda maior de restaurar o passivo de APPs e Reservas legais desmatados ilegalmente para atender às exigências da Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Lei 12.651/2012). No contexto das diversidades ambientais, culturais e sociais brasileiras, fica claro que inciativas locais e regionais, com a participação efetiva de organização da sociedade civil em parceria com órgãos governamentais é essencial para que esta ambiciosa meta de restauração seja atingida de maneira ecologicamente adequada e socialmente justa. Especialmente quando se considera que as cadeias produtivas ligadas à restauração ecológica são ainda incipientes no Cerrado. Além disto, há carência na difusão de conhecimento técnico acerca de técnicas eficazes, de baixo custo e adequadas para a restauração dos ambientes característicos do Cerrado, especialmente em suas fisionomias campestres e savânicas, que devem ser mantidas ou recuperadas nas áreas destinadas às RLs.

A Rede de Sementes do Cerrado, como projeto, surgiu com o propósito de fomentar a cadeia de produção de sementes no bioma Cerrado. Desde sua criação jurídica vem trabalhando na elaboração de materiais técnicos e execução de projetos que envolvem a capacitação na área de identificação botânica de espécies do Cerrado, produção de sementes nativas, marcação de matrizes, áreas de coleta de sementes, restauração ecológica e sensibilização ambiental. Com isso, foram capacitados nos projetos da Rede mais de 1000 pessoas e possuímos em nosso banco de dados mais de 117 Áreas de Coleta e matrizes georeferenciadas (DF, GO, MG, MT). Foram estruturados ainda ambientes para armazenamento de sementes e disponibilização de equipamento para a análise de sementes em laboratórios de pesquisa parceiros da Rede.

                Ao longo da trajetória de atuação da Rede de Sementes do Cerrados percebemos que dentre os entraves para a organização da cadeia de sementes está a dificuldade que os coletores de sementes apresentam quanto a regularização da comercialização junto ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento no registro do RENASEM (Registro Nacional de Sementes e Mudas) que confere uma série de exigências, dentre elas a necessidade de responsável técnico (engenheiro florestal ou agrônomo), emissão de nota fiscal, garantia de viabilidade ou germinação das sementes comercializadas, entre outras. Outra questão é a dificuldade dos coletores em acessar o mercado, disponibilizando seus produtos a possíveis interessados. Para dirimir esses entraves e proporcionar a comercialização das sementes a Rede de Sementes do Cerrado assumiu desde 2013 a responsabilidade da Produção de Sementes através do seu registro no RENASEM (DF-00229/2013), podendo os coletores contar com o apoio técnico, estrutura fomentada e meios de comunicação da Rede para a comercialização de suas sementes. Dessa forma, a Rede tem plenas condições de contribuir com a criação e fortalecimento das cadeias produtivas de sementes nativas para assegurar a qualidade do produto no mercado.

Esta proposta prioriza ações nos principais elos da cadeia de produção de sementes nativas: os coletores de sementes, os diversos tipos de compradores de sementes e a interligação entre estes atores.

Fortalecer local e regionalmente o comércio de sementes de espécies nativas do Cerrado, melhorando a interface comercial entre coletores e consumidores de sementes nativas.

Principais atividades:

- Sistematizar e divulgar informações sobre espécies nativas que podem ser usadas com diferentes finalidades e situações, gerando listas de ‘mix’ de espécies voltados para cada fitofisionomia do Cerrado, espécies de interesse paisagístico para os “Jardins de Cerrado” e “Jardins de Polinização” e espécies para uso em pomares com espécies frutíferas nativas. De forma a facilitar o uso de espécies por diferentes públicos, como gestores ambientais, proprietários rurais e de RPPNs, populações urbanas e periurbanas, órgãos responsáveis pelo paisagismo e manutenção de áreas públicas urbanas, especialmente no DF.

- Organizar a oferta e a demanda de sementes de espécies nativas. Para isto será desenvolvido um aplicativo de comercialização de sementes, sob o gerenciamento da RSC, integrando os interessados em ofertar sementes e os demandantes. Estas informações serão também disponibilizadas no site da RSC.

- Realizar testes de qualidade de sementes adicionais necessários para atender às demandas do RENASEM e permitir a comercialização de sementes de qualidade.

Entendemos que essa proposta apresenta viabilidade uma vez que toda a estrutura de formação de coletores, tecnologia para a restauração ecológica do cerrado já foram previamente desenvolvidas e testada. Temos uma rede de coletores de sementes mais de 50 coletores que realizaram a coleta de mais de 6 toneladas de sementes de 40 espécies nativas (herbáceas, arbustivas e arbóreas) em 2015, e mais de 10 toneladas de sementes em 2016 devido a uma demanda de restauração exigida por compensação ambiental para licenciamento ambiental de linha de transmissão de energia. Ou seja, toda a estrutura já foi desenvolvida e agora precisamos aprimorar a comercialização dessas sementes. 

 

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