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Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

by Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

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PROJETO ARTIBEUS

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Posted by Leandro Pereira & Hugo Perlin on 25-12-2016 - Last updated on 25-12-2016

O foco do Projeto Artibeus são soluções tecnológicas. Ou seja, a ideia original está centrada na criação de uma Startup que trabalhe com um conjunto de ciências relacionadas ao armazenamento, transmissão e processamento de informações desenvolvendo assim soluções para gestão ambiental e para conservação da natureza. Em outras palavras, os Tags Inteligentes, as Torres Autônomas ou o Sistema Remoto de Monitoramento são apenas os primeiros resultados deste processo que ao longo do tempo serão melhorados e terão outras tecnologias associadas ao longo do tempo. Mas ao longo do processo de criação destas novas tecnologias a fórmula utilizada será sempre a mesma: jovens talentos, orientados por profissionais experientes através de uma base conceitual sólida da área da informática e das ciências biológicas.

Base Conceitual

O Projeto Artibeus foi criado intimamente relacionado com dois conceitos conservacionistas. O primeiro seria a “Primavera Silenciosa” proposta por Rachel Carlson em 1962 e já o segundo, a teoria da "Floresta Vazia", de 1992, criado por Kent Redford. Ambos os conceitos trazem a ideia de que não devemos deixar uma floresta cheia de árvores e nos enganar pensando que tudo esteja bem. Muitas destas florestas são “mortos vivos” e embora imagens satélites podem nós passar dados reconfortantes vendo florestas por cima,  nestas na verdade podem estar vazias, sem a riqueza ou biodiversidade faunística esperada.

Além desta base teórica que fundamenta alguns aspectos do Projeto Artibeus, outro conceito também pode estar relacionado com a presente proposta, a “População Mínima Viável”. Ou seja, uma população precisa ter um número de mínimo de indivíduos, ou um tamanho suficiente para resistir aos efeitos da morte ou perda natural de alguns de sua espécie, além de mudanças ambientais e principalmente, manter sua diversidade genética. Em outras palavras, uma determinada população precisa de um número mínimo de indivíduos para resistir ou ter certa resiliência para permanecer no ecossistema ou região. Caso contrário, seria apenas uma questão de tempo para chegarmos a um colapso genético (devido às várias endogamias), levando assim a extinção da espécie.

Por este motivo, o monitoramento é um dos pontos mais importantes para conservação da biodiversidade. Sobre este ponto de vista, este monitoramento faunístico pode fornecer informações, não apenas sobre o animal ou sobre uma espécie, mas sobre função ou a saúde dos ecossistemas. Isso porque podemos monitorar algumas espécies chave, como por exemplo, predadores de topo ou dispersores, tendo assim dados sobre ou estimativas de toda uma rede de interações ecológicas num determinado ecossistema.

Um exemplo destas espécies são as antas (Tapirus terrestris) e as cutias (Dasyprocta aguti), fundamentais para a dispersão de sementes grandes - acima de 2,5 centímetros de diâmetro. Mais especificamente, a cutia come apenas algumas sementes e faz um estoque para outras estações, mas nem sempre consegue aproveitá-las. Desta forma, o Pinheiro do Paraná (Araucaria angustifolia), é beneficiado desta estratégia da cutia, pois muitas sementes são levadas por ela para outro território o que favorece a germinação das sementes enterradas. Além desta, o Jatobá (Hymenaea courbaril), ameaçado de extinção, seria outro exemplo, pois depende apenas da cutia para levar suas sementes a locais que favoreçam a germinação e, caso o animal seja extinto, a planta também poderá desaparecer.

Associados a estes conceitos, uma das principais estratégias conservacionistas para preservação de espécies são as Translocações de Animais. Estas envolvem quatro atividades principais, sendo estas: 1) Reintrodução: introduzir de volta indivíduos de uma espécie que tenha desaparecido de determinada área; 2) Introdução: soltar indivíduos de uma espécie numa área onde ela não ocorria; 3) Translocação: levar indivíduos de uma espécie de uma área para outra; 4) Suplementação: soltar indivíduos de uma espécie numa área onde ainda existem alguns poucos indivíduos da mesma.

As translocações são técnicas bastante atrativas para a conservação de uma determinada população, podendo levar a um aumento desta e a restauração da biodiversidade em determinadas regiões. Para se ter uma ideia da importância da Translocações de Animais, a International Union for Conservation of Nature (IUCN) através da Species Survival Commission (SSC) lançou em 2013 o “Guidelines for Reintroductions and Other Conservation Translocations” que busca orientar algumas ações neste sentido.  

Fig.01 - Logos da International Union for Conservation of Nature (IUCN) e da Species Survival Commission (SSC), que consideram a translocação de espécies uma importante ferramenta para conservação. Dentro desta estratégia, o monitoramento dos invidíduso torna-se fundamental para avaliação do sucesso destas ações relacionadas a proteção da biodiversidade.

Por sua vez, no Brasil, a Associação para a Conservação de Papagaios (APC) discute cinco alternativas para as aves apreendidas para conservação de aves, algumas associadas com o tráfico de animais, sendo estas: 1) A doação a zoológicos e instituições similares; 2) A doação ou venda a instituições de pesquisa; 3) O leilão dos animais; 4) A Eutanásia; e 5) A soltura (translocações e reintrodução). E em todas, o Projeto Artibeus pode ser implementado como estratégia principal de monitoramento ou como acessório as outras já existentes.

Mas para que todos estes conceitos e ideias atinjam seu objetivo, ao monitorarmos a fauna podemos ter dados precisos sobre o ecossistema, desta forma completando os inventários, projetos ou pesquisas que muitas vezes possuem algumas lacunas no conhecimento que impedem a assim sua tomada de decisão relacionada conservação da natureza, por sua vez, um possível atraso nas iniciativas de manejo ou uma imprecisão das análises regionais.

Para então que tais iniciativas ou programas de monitoramento não sejam onerosos e possam permitir um período longo de coleta de dados sem que dependam da disponibilidade tanto de recursos, o Projeto Artibeus pretende auxiliar nestas e outras questões associadas a coleta de informações remotamente de forma rápida, fácil e barata.

Amadurecimento da ideia e Mercado potencial

O Projeto Artibeus resolve um grande problema de coleta de dados de forma fácil, rápida e barata. E este problema atualmente é encontrando em dois grandes mercados, o primeiro envolvendo instituições ligadas a conservação e manejo e animais, já o segundo seriam empresas públicas ou privadas que precisam realizar atividades de compensação ou recuperação ambiental.

Para termos uma ideia deste mercado, em projetos de translocação de fauna são bastante comuns em instituições ligadas ao meio ambiente. Porém, Projetos de Reintrodução de pássaros, por exemplos, podem ser extremamente caros. Informações gerais de pesquisadores da Universidade de São Paulo estimam um custo de US$ 2.827,00 por pássaro/ano. Se considerarmos que tecnicamente não se faz a reintrodução de um único indivíduo, e se associarmos o atendimento a legislação ambiental que orienta o monitoramento da população reintroduzida por até cinco anos, os valores destes projetos relacionados muitas vezes a uma única espécie podem chegar a US$ 200.000,00/ano.

Além das instituições e projetos, um mercado ainda maior e com maior potencial está relacionado com a instalação de empreendimentos de médio e grande porte no Brasil. Isso porque atualmente a legislação ambiental brasileira ancora a obtenção das licenças de instalação e operação destes empreendimentos em Estudos de Impacto Ambiental e em Programas de Manejo de Fauna.

Ao trabalharmos alguns valores deste mercado, uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) com capacidade instalada de 3.000 kWh (considerada uma PCH de porte médio), teria um custo estimado de instalação de US$ 6.250.000,00. Já para implantação de rodovias, os custos são ainda maiores. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) estipula que o custo de implementação de rodovias seria em média US$ 983.000,00 por quilômetro. 

Fig.02 - Exemplos de algus empreendimentos e possível mercado para o Projeto Artibeus, ao lado esquerdo a PCH Usina Rio Vermelho, localizada em Santa Catarina com capacidade aproximada de 2,4MW de potência, ao lado direito, parte da construção do Viaduto em Canoas no Rio Grande do Sul, ao longo de toda a obra é estimado 22Km de extensão.

Ou seja, estes são projetos milionários que para obterem suas licenças muitas vezes precisam investir parte de seus recursos em programas de monitoramento de fauna. Vale lembrar, que estes são apenas dois dos vários outros empreendimentos que precisam também fazer estes investimentos.

Plano de trabalho, Cronograma para implantação e Previsão de custos

O Projeto Artibeus está fundamentado em buscar soluções tecnológicas. Desta forma, existem três estratégias na busca de investidores, a venda direta dos projetos, contratos para realização dos monitoramentos e contratos para o desenvolvimento de tecnologias customizadas.

Ao detalharmos estas estratégias, a primeira relacionada a venda dos produtos, utilizando como exemplo os Tags Inteligentes e/ou as Torres Autônomas, o seu custo de produção seriam de aproximadamente US$ 235,00.

Item

Descrição

Quantidade

Valor Un. (US$)

Valor Total (US$)

1

Antena Leitora RFID

1

90

90

2

Bateria 12v 15 amp

1

20

20

3

Raspiberry Pi 3

1

35

35

4

LongRange Comunnication

1

50

50

5

Antena Comunicação

1

30

30

6

Caixa Selada

1

10

10

 

 

 

Total

235

 

Se praticarmos os valores sugeridos pelo Sebrae de 20% sobre o nosso preço de custo, este ficaria em torno de R$ 282,00. Mas se associarmos este valor acrescido a mão de obra, somando assim mais 20%, chegaremos num valor aproximado de US$ 338,40. Mesmo assim, este valor é altamente competitivo comparado com a tecnologia de rádio colar existente, pois a o Raio Colar mais barato gira em torno de U$ 3.000,00.

A segunda estratégia de mercado seria através de contratos relacionado ao monitoramento. Como a equipe do Projeto Artibeus conta com pesquisadores de duas áreas de meio ambiente e de informática, podemos oferecer aos parceiros e investidores contratos que envolvam um pacote mais completo de serviços. Estes podem envolver deste a escolha dos melhores lugares para instalação dos equipamentos, a organização da coleta de informações através de um Banco e Dados, a manutenção constante da estrutura, a busca de dados complementares em campo e até mesmo o apoio na interpretação dos resultados, entre outros serviços.

Esta possibilidade de prestação de serviços poderá trazer um maior valor agregado ao Projeto Artibeus, pois poderá fidelizar os clientes, parceiros e investidores. Desta forma, com contratos longos de um ou mais anos será possível ter uma maior estabilidade do Projeto pensando em longo prazo.

Dentro desta mesma estratégia, de prestação de serviços, estaria a terceira forma de arrecadar recursos que seria através de Projetos Customizados. A diferença deste contrato para o anterior está associada à plasticidade do Projeto Artibeus permitindo buscar por soluções ainda mais precisas conforme o tamanho ou necessidade de cada instituição.

Da mesma forma que alguns gigantes do Vale do Silício, o Projeto Artibeu começa associado a centros universitários. Ou seja, atualmente devido ao apoio do Instituto Federal do Paraná (IFPR), alguns dos principais custos relacionados ao pagamento de pessoal, altas taxas tributárias e instalações físicas podem ser parcialmente neutralizados.

Isso porque, como dito anteriormente, o foco do Projeto está em busca de soluções desenvolvidas por jovens com apoio de profissionais experientes. Ou seja, atualmente sob a coordenação dos professores Leandro e Hugo, o projeto conta com o apoio de mais quatro professores da área ambiental e outros três da área da informática. Por sua vez, temos hoje o envolvimento de estudantes de vários níveis (ensino médio, superior e pós-graduação), relacionados aos cursos de Técnico em Meio Ambiente, Técnico em Informática, do curso superior de Tecnologias de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e da Especialização em Gestão Ambiental.

Devido ao do IFPR, seu Núcleo de Inovação Tecnológica do IFPR e da coordenação dos cursos associados, o Projeto conta também com o apoio de infraestrutura pronta através do Laboratório de Meio Ambiente e do Laboratório de Informática.

Mais especificamente, o Laboratório de Meio Ambiente, com 250m2, foi concebido como um espaço de Coworking com todo o mobiliário já pronto envolvendo, mesas, cadeiras, sofá, pufs, armários e computadores, possibilitando assim não só o desenvolvimento de vários projetos simultâneos, mas a interação entre as pessoas que frequentam este espaço. Além disso, este laboratório conta com espaço para atividades teórico-práticas, sendo posicionado ao lado da Reserva Legal do Campus Paranaguá, onde os alunos podem ter uma série de atividades práticas e até mesmo experimentos ecológicos.

Fig. 03 - Parte da infraestrutura já disponível para o Projeto Artibeus. A fotografia superior mostra parte do Labortório de Meio Ambiente que funciona como um espaço de coworking, ao lado esquerdo inferior alguns estudantes em uma das áreas de pesquisa e trabalho disponiblizadas para o projeto, e ao lado difeito parte do Laboratório de Informática com uma série de equipamentos e programas também disponíveis. 

Expectativa de retorno financeiro

Em uma projeção extremadamente simples do Prazo de Retorno do Investimento (PRI), através de uma perspectiva segura com apenas um contrato pequeno assinado podemos ter o seguinte cenário:

Custos

Descrição

Valor Un. (US$)

Valor Total (US$)

Pessoal

6 bolsistas/12 meses

157,14

11.314,08

Manutenção

Material escritório, consumo, pequenos reparos/12 meses 

600,00

7.200,00

Equipamentos (estoque)

10 kits com Tags Inteligentes e Base da Torre Autônoma

235,00

2.820,00

 

 

15%

5.250,00

 

 

Total

26.584,08

 

Margem de Contribuição

Descrição

Valor Un. (US$)

Valor Total (US$)

Venda de produtos

10 kits

338,00

11.314,29

Prestação de serviços

Um contrato de 12 meses de monitoramento 

900,00

10.800,00

 

 

Total

22.114,29

PRI = 1,20 (anos)

Nesta pequena simulação, temos que o investimento feito retornando logo após o seu primeiro ano. Além disso, ao trabalharmos com a metodologia “just in time”, sem a necessidade de um grande estoque, associado a plasticidade de mão de obra, aumentando conforme a demanda ou diminuindo caso seja necessário, o Projeto Artibeus ganha maior segurança em seu investimento e uma maior liquidez.

Potenciais riscos associados

Apesar da tecnologia apresentada já ser consolidada em empresas de logísticas e transportes, esta ainda precisa ser colocada a prova em situação extremas na área ambiental. Ou seja, atualmente as concessionárias de estradas, utilizam a mesma tecnologia em suas praças de pedágio. Porém, as torres ainda não foram colocadas em locais remotos ou com acesso restrito, o que dificultaria sua manutenção, caso seja necessária.

Fig.04 - Imagem da Rodovia 266 em seu ponto pedagiádo pela Ecovia. A mesma tecnlogia utilizada por esta concessionária será adaptada as ideias e produtos do Projeto Atibeus.

Outra dificuldade seria a concorrência com produtos já consolidados no mercado, como por exemplo, os equipamentos de monitoramento de animais por meio de rádio telemetria. Estes envolvem desde rádio colares, que hoje são amplamente utilizados, até mesmo implantes subcutâneos, ambos com GPS. 

Fig.05 - Um dos produtos concorrentes aos desenvolvidos pelo Projeto Artibeus, estes são alguns modelos de Rádios Colares vendidos por um site norte americano. Porém, os valores deste equipamentos completos giram em torno de US$ 4.000,00, já os valores das Tags Inteligentes devem ficar em apenas 10% destes preços.

Porém, com o contínuo desenvolvimento tecnológico, alguns gargalos na instalação dos equipamentos, sejam as Torres Autônomas ou os Tags Inteligentes, poderão ser resolvidos e superados. Para isso, a proposta hoje é fundamenta numa instituição de Pesquisa e Inovação, o IFPR, com dois laboratórios sendo envolvidos diretamente, o NITI e o Laboratório de Meio Ambiente. Ambos contando com estudantes, bolsistas e voluntários dispostos a enfrentar desafios e resolver problemas como este.

Além disso, apesar das tecnologias de rádio colares ser extremamente aceito em vários trabalhos e possuírem uma boa precisão na coleta de dados, seus preços atualmente limita sua ampliação. Para termos uma ideia, um colar com GPS e seu Receptor custa, fora do Brasil, em torno de US$ 4.000,00. Ao incluirmos as taxas e impostos de importação este pode chegar ao País por R$ 25.000,00. Mesmo recorrendo às marcas brasileiras, com fabricação feita também no Brasil, um equipamento relativamente simples não fica por menos de U$ 3.000,00.

Impacto Futuro do Projeto Artibeus

O Projeto Artibeus foca em um novo mercado ao buscar preencher algumas lacunas do conhecimento na área da conservação da natureza através de novas tecnologias. Mas ao longo deste processo, as pessoas são parte fundamental.

Ou seja, nossas estratégias tenham um perfil empresarial concentrados desta forma na viabilidade econômica deste novo negócio, o lucro não é considerado como fim. Mas a rentabilidade obtida deve ser considerada como o meio para viabilizar novas ideias e fomentar um novo mercado. Ou seja, o retorno financeiro será total e integralmente reinvestido nas pessoas envolvidas com o Projeto Artibeus buscando viabilizar a solução de novos desafios ou no aperfeiçoamento de novas ideias.

Assim, deste trabalho esperamos envolver jovens cheios de energia em desafios da área ambiental, construindo um futuro melhor sob o ponto de vista da conservação da natureza, estimulando assim mentes brilhantes no desenvolvimento de outros futuros negócios semelhantes ao Projeto Artibeus.  

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